Sócio-fundador da Propósito, Daniel Rohrig analisa as consequências em comunicação para empresas sobre o debate que movimenta a internet no mundo
As declarações do fundador e CEO da Meta, Mark Zuckerberg, na última terça-feira (7), sobre o fim do sistema de checagem e mudanças nas políticas de moderação de conteúdo nas plataformas Facebook, Threads e Instagram provocaram intensas discussões sobre liberdade de expressão nas redes sociais. Para além da esfera principal do debate, a decisão da Meta pode repercutir no funcionamento das redes de Zuckerberg em território brasileiro, caso não estejam alinhadas com a legislação vigente.
E se isso realmente acontecer?
Esse ponto em específico abre uma nova aba na janela de debates sobre a pauta. De acordo com a própria Meta, no Brasil, são 114,2 milhões de usuários no Facebook, quarto maior mercado global da empresa. No Instagram, são 134,6 milhões de brasileiros conectados, ficando apenas atrás do WhatsApp, com 148 milhões de usuários ativos.
Em meio a dados tão robustos, milhões de perfis correspondem a CNPJs que utilizam as plataformas para se relacionar, engajar e vender. Boa parte desse universo de marcas deposita todas as suas fichas nas redes sociais sem perceber os reais riscos de construir sua reputação apenas em “terreno alugado”.
E se, do dia para a noite, a sua marca necessitasse de meios alternativos às redes sociais para ser lembrada, ela conseguiria cumprir essa missão? Um cenário nem tão improvável assim, diante das recentes repercussões das decisões da Meta, pelo menos aqui no Brasil. Exemplos não faltam. Recentemente, uma decisão da empresa X (antigo Twitter), agora comandada pelo bilionário Elon Musk, ocasionou a suspensão da rede social por cerca de 40 dias no Brasil. Em 2015, uma decisão judicial derrubou o WhatsApp por cerca de 12 horas. Sobre as recentes mudanças anunciadas pela Meta, a Advocacia Geral da União (AGU) notificou extrajudicialmente a empresa para saber dos planos futuros aqui no Brasil, que por sua vez, garantiu aplicar as novas políticas apenas nos EUA. Contudo, a resposta “fora do tom” da Meta não parece ter convencido o judiciário.
Do limão, uma limonada
Se para uns o cenário é apocalíptico, para outros, entrega insights e oportunidades extremamente importantes na forma como a gestão da marca e da reputação ocorre no ambiente digital. É indiscutível o poder das redes sociais na construção de imagem e reputação das marcas, bem como de negócios para as empresas. O fato é que depender única e exclusivamente delas dentro de um universo competitivo é um erro que pode comprometer o futuro das marcas, já que no fim das contas, elas não detêm o poder das suas próprias redes.
Quais são os caminhos para se proteger das decisões das big techs que ultrapassam limites da legislação? Diversificação de canais e comunidades. São os públicos que vão delinear sua estratégia de relacionamento e engajamento. E não estamos falando apenas de clientes, mas sim, de uma série de stakeholders que, quando somados, representam a reputação da sua empresa no ponto de vista da percepção.
Caso sua marca não detenha nenhum outro meio de chegar aos seus públicos, senão as redes sociais, já passou da hora de repensar a estratégia de comunicação.
Por Daniel Rohrig
Sócio-fundador da Propósito Comunicação Corporativa