Confira o artigo do sócio-fundador da Propósito, jornalista Daniel Rohrig, sobre o Dia do Jornalista
A minha história com o jornalismo pode ter uma roupagem bem clichê, dependendo de quem parte o julgamento. Fui uma criança que parece ter crescido dentro de estúdios de telejornais ou de emissoras de rádio. Encenei esse enredo por muitos e muitos anos. Replicava tal e qual assistia na TV ou acompanhava pelo rádio. Na época, o jornalismo era limitado a estes canais, já que o digital como conhecemos hoje ainda engatinhava.
Tudo me fascinava. Quando fiz 14 anos, ganhei de presente de uma amiga próxima o livro “Jornal Nacional: modo de fazer” e foi naquele cenário que tomei a decisão de qual seria a minha graduação três anos mais tarde. Enfim, responder a pergunta “o que você quer ser quando crescer” já não era mais um fardo, mas sim, motivo de uma feliz decisão. Mudei de cidade e de rotina para abraçar o sonho.
Fiz parte de uma das maiores turmas do curso de jornalismo que a Universidade teve. Começamos em 50 pessoas! Lembro que no primeiro dia de aula, eu só conseguia pensar “Caramba, eu estou estudando jornalismo mesmo! Deu tudo certo”. Aprendi o que na nossa área chamamos de “jornalismo raiz”. Aquele das redações mesmo. Apurar, produzir, escrever, gravar, decorar, improvisar, registrar, publicar. “Reels”,“shorts” ou “IA” ainda não faziam parte do nosso vocabulário – e não faz tanto tempo assim. Quase quatro anos mais tarde, nossa turma de ingresso recorde formava 15 novos profissionais. E este texto é exatamente sobre isso.
Assim como o resto das profissões do mundo, o jornalismo mudou. E muda. Enquanto você lê este texto, está mudando de novo. Mas, ao mesmo tempo que uma parcela do mercado pode entender que a nossa profissão está em crise, outra parcela estranha a difícil missão de buscar profissionais para assumir postos de trabalho. Sim, por inúmeros contextos, a credibilidade do jornalismo é contestada diariamente. Esse é um ponto em que concordo atrelar a palavra “crise” à nossa profissão.
Por outro lado, também quero falar de oportunidades. Lembro que durante a graduação, uma disciplina nos desafiou a estruturar um modelo de negócio dentro do jornalismo e apresentá-lo. Minha proposta era de uma revista, não me lembro muito bem sobre o que. Jamais poderia imaginar que anos mais tarde estaria empreendendo com jornalismo, sim, mas na área da comunicação corporativa. Na época da graduação, jamais cogitei tal possibilidade.
Neste dia 07 de abril, dedicado a lembrar do profissional jornalista, deixo aqui uma reflexão para provocar inquietude. Agora, enquanto jornalista e empresário, percebo uma série de espaços no mercado que podem ser preenchidos tranquilamente por jornalistas. Precisamos de jornalistas, é fato! Para além das redações, que seguem desempenhando de forma impecável a nobre missão democrática ao qual o jornalismo se propõe diariamente, existem também outras possibilidades onde o papel desse profissional também é fundamental.
No nosso dia, cabe ressaltar: precisa-se de jornalistas! Nas redações. Na produção de conteúdo. Na criação de estratégias. Na gestão. Nas empresas. Em todos os lugares onde é necessário transformar tudo aquilo que se ouve e se vê em resultados para pessoas ou para organizações.
Feliz 07 de abril!
por Daniel Rohrig
Jornalista e sócio-fundador da Propósito Comunicação Corporativa